Peregrinação de João Paulo II a Núrsia: celebraçãos dos 1500 anos de nascimento de São Bento

Em 1980, quando se celebrou o décimo quinto Centenário do nascimento de São Bento o então Papa João Paulo II realizou três peregrinações: a Visita Pastoral à Região da Úmbria (Itália), em 23 de março de 1980; a Visita Pastoral a Montecassino e Cassino (Itália), em 20 de setembro de 1980 e a Visita de Pastoral a Subiaco (Itália), em 28 de setembro de1980. Três lugares muito importantes na história de Bento.

Resgataremos aqui a história dessas peregrinações papais e através dos textos (homilias, discursos, mensagens etc) aprenderemos sobre como o seguimento deste santo que viveu 1500 anos atrás contribuiu para a cristandade em seu tempo, nos séculos posteriores e para nós hoje.

Então, hoje começamos nossa peregrinação por Núrsia, terra natal de Bento.

Neste primeiro discurso, o grande Papa, se dirige à população que naquele momento estava se refazendo de um triste terremoto que os havia atingido.

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II ÀS VÍTIMAS DO TERREMOTO EM «CASTEL SANTA MARIA»

Domingo, 23 de Março de 1980

É com grande alegria que me encontro hoje no meio de vós, caríssimos fiéis do Valnerina e das zonas limítrofes, que o recente sismo provou tão duramente. Estou-vos sinceramente agradecido por este acolhimento festivo e cordial, que me atesta, com simpática espontaneidade, o apego desta terra ao Sucessor de Pedro.

Saúdo com deferência o deputado Clélio Dárida, Ministro para as Relações com o Parlamento, e agradeço-lhe o gentil desvelo com que quis estar presente no meu primeiro contacto com a dilecta população deste Vale.

Desejo, de igual modo, exprimir o meu vivo reconhecimento pela saudação que o Senhor Presidente da Câmara Municipal me quis gentilmente dirigir: nas suas nobres palavras senti vibrar a altivez e a coragem de uma população habituada a enfrentar, com ânimo forte e paciente, os duros acontecimentos de uma existência não fácil.

Vim ao meio de vós, irmãs e irmãos caríssimos, para vos trazer o testemunho da minha participação nas vossas dificuldades e nos vossos sofrimentos; vim para vos afirmar o meu apreço pela dignidade com que soubestes enfrentar esta provação e pela generosidade e tenácia com que demonstrastes querê-la superar; vim para compartilhar a esperança que vos acompanhou na provação e para vos assegurar que o Papa está particularmente perto de vós; vim para vos encorajar a perseverardes nas tradições da fé, da honestidade e do trabalho que sempre distinguiram os vossos antepassados, consentindo-lhes não sucumbirem mesmo nos momentos mais adversos da sua história.

Na minha pessoa está perto de vós toda a Igreja e, de modo especial, a de Roma, que, depois do que já fez nos meses passados, deseja testemunhar-vos de forma concreta a sua solidariedade fazendo-vos chegar, através das minhas mãos, um novo contributo em dinheiro, fruto da colecta feita entre os fiéis durante o "Advento de caridade 1979".

Perante o triste espectáculo das ruínas causadas pelo terramoto, estendo o meu pensamento a todas as zonas da terra onde semelhantes e quiçá mais graves fenómenos sísmicos levaram a destruição e a morte. Por todos se eleva a minha oração: Que Deus omnipotente, sempre bom, mesmo quando permite que os seus filhos sejam atingidos pela dor, conceda o repouso eterno às vitimas, resignação e fortaleza aos sobreviventes, e largueza de coração a todos para irem ao encontro das necessidades de tantos irmãos em dificuldade.

A minha oração dirige-se, em particular, a São Bento, a cuja terra natal venho como peregrino. Quinze séculos atrás, apesar dos tristíssimos tempos, ele soube oferecer à Itália e ao mundo uma original proposta de vida cristã, que se revelaria extraordinariamente fecunda, sob o ponto de vista não só de uma reanimação de vida religiosa e moral, mas também económica e social. Que São Bento esteja ao vosso lado neste momento difícil e ampare a vossa vontade de reconstrução, de tal modo que este vosso vale, apagados os sulcos das feridas deixadas pelo sismo, possa voltar a exibir o seu rosto risonho a quantos vêm aqui admirar as suas belezas sugestivas.

Mais uma vez vos agradeço, caríssimos filhos, pela cordialidade com que vos reunistes à minha volta, fazendo-me sentir o calor do vosso afecto. Com afecto igual vos saúdo um por um, e asseguro a todos que levo no meu coração as trepidações, as necessidades, os anseios e as esperanças de cada um. Sobre vós que estais aqui presentes, sobre os vossos familiares que não puderam unir-se a vós, e especialmente sobre os doentes e sobre os anciãos, desça, propiciadora de cada bem desejado, a minha Bênção Apostólica.

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