Homilia do Cardeal Tarcísio Bertone

NA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA 
PRESIDIDA NA BASÍLICA DE SANTA ESCOLÁSTICA

Subiaco, 15 de Julho de 2007

Nesta maravilhosa Basílica-Catedral de Santa Escolástica, um dos lugares da memória do grande São Bento de Norcia, encontramo-nos envolvidos por um clima beneditino, que é vida de oração e de trabalho manual e intelectual, que une a simplicidade à prudência a austeridade à doçura, a liberdade à obediência. 

Em primeiro lugar, desejo saudar e agradecer ao Reverendíssimo Dom Abade Mauro Meucci o seu convite, e a toda a Comunidade monástica a sua hospitalidade. É com prazer que saúdo inclusive, do íntimo do coração, todos os participantes na "III Oficina Sublacense". 

Quem chega a este lugar sagrado, proveniente do ruído caótico das cidades, encontra-se imerso num silêncio mais eloquente que todas as palavras que quotidianamente são transmitidas pela televisão e pelos jornais, ou pela confusa vozearia das conversas frívolas e inúteis. 

A este propósito, vem-me ao pensamento a narração de um homem que foi ter com um monge de clausura e lhe perguntou: "Que aprendes da tua vida de silêncio?". O monge estava a tirar água de um poço com o pequeno balde e disse ao seu visitante: "Olha dentro do poço! O que vês?". O homem olhou e disse: "Nada!". Depois de um pouco de tempo, permanecendo completamente imóvel, o monge disse ao visitante: "Olha agora! O que vês no poço?". O homem obedeceu e respondeu: "Agora vejo-me a mim mesmo: reflicto-me na água". Então, o monge disse: "Vê, quando mergulho o balde, a água agita-se. Mas agora a água está tranquila. Esta é a experiência do silêncio: o homem vê-se a si mesmo!". 

Temos necessidade do silêncio interior não só para nos compreendermos a nós mesmos, mas também para nos podermos reflectir na palavra de Deus, que hoje nos fala através das leituras há pouco escutadas e que nos propõem com clareza alguns temas de grande relevância pessoal e comunitária. A primeira chamada vem do livro do Deuteronómio e indica-nos a observância dos mandamentos como prova de sabedoria e de inteligência: "Obedecerás à voz do Senhor teu Deus, cumprindo os seus preceitos e as suas leis, escritos no livro da lei, e voltar-te-ás de novo para o Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma. Porque a lei que hoje te imponho não está acima das tuas forças, nem fora do teu alcance... Não, ela está muito perto de ti: está na tua boca e no teu coração; e tu podes cumpri-la" (Dt 30, 10-11.14). Portanto, eis as palavras que devemos ter na boca e no coração. Não se trata de crer cegamente na lei (divina ou eclesiástica que seja), mas de compreender o sentido indispensável na nossa condição de criaturas limitadas e finitas. Sabemos que a força vem da vida de Cristo em nós, da sua caridade viva em nós; por isso, devemos acolher, conhecer, meditar e observar esta "lei" com amor, mas também "pedi-la" para obter o impulso interior em vista de a pôr em prática. 

Na obediência à lei de Deus estão contidas todas as boas obras que podemos realizar; as que são mais agradáveis a Deus. São Bento, exímio legislador da vida monástica, inseriu na "Regra" critérios de grande sabedoria humana. Lê-se no Prólogo: "Antes de qualquer outra coisa, deves pedir a Deus com orações insistentes que ele deseje levar a bom termo as obras de bem por ti começadas, para não ter que se entristecer pelas nossas más acções, depois de se ter dignado chamar-nos para ser seus filhos. Em retribuição aos seus dons, devemos-lhe a obediência contínua". 

Sabemos que a lei de vida da Igreja é a caridade, e que ela é o melhor caminho de todos, que modela e plasma todo o comportamento do cristão (cf. 1 Cor 12, 31; 13, 4-7), tornando-se desta forma o sinal distintivo dos verdadeiros discípulos. S. Tomás escrevia: "Etiam littera Evangelii occideret, nisi adesset interius Gratia". A lei é um esquema, que o amor deve preencher para vivificar. 

A segunda leitura, tirada da carta aos Colossenses, diz-nos que Jesus Cristo é a imagem do Deus invisível, gerado antes de todas as criaturas, porque por meio dele foram criadas todas as coisas, as do céu e da terra, as visíveis e invisíveis. Um primado do amor a Deus na vida humana manifesta-se já na simples consideração do facto da criação. Se tudo é criado por Deus, nada lhe pode passar despercebido. Portanto, cada criatura tende para a Fonte suprema do Ser; cada ser, mesmo o mais insignificante, se sente atraído para Deus, muito mais do que para si mesmo. No homem, este amor torna-se consciente e livre. Tender para Deus, somente como uma pedra tende para o centro da gravidade, seria menos nobre. Deus concedeu-nos o poder maravilhoso de dizer um sim que é o oposto de um não. Este amor consciente e livre é, desde o primeiro instante, elevado pela graça à finalidade sobrenatural da participação na vida trinitária, que é comunhão de amor. A ideia da comunhão como participação na vida trinitária é particularmente iluminadora: com efeito, a comunhão de amor que une o Filho ao Pai e aos homens é o modelo e, ao mesmo tempo, a nascente da comunhão fraterna, que deve unir os discípulos entre si. 

Consideremos agora a parábola do Bom Samaritano, que pudemos ouvir do Evangelho de Lucas, e reflictamos sobre o convite de Jesus: "Vai e também tu faz do mesmo modo". O Evangelho da caridade foi anunciado durante a história da humanidade como tarefa inderrogável dos discípulos de Cristo, e foi testemunhado sobretudo pela vida e pelas obras de bondade e de dedicação, realizadas por uma multidão de homens e de mulheres que, seguindo o exemplo de Cristo e de Maria, se debruçaram sobre a humanidade sofredora e necessitada, no gesto do Bom Samaritano.

"Assim a Igreja, apesar de todas as fragilidades humanas que pertencem à sua fisionomia histórica, revela-se como uma maravilhosa criação de amor, feita para aproximar Cristo de cada homem e de cada mulher que realmente quiser encontrá-lo, até ao fim dos tempos. E, na Igreja, o Senhor permanece sempre nosso contemporâneo. A Escritura não é algo que pertence ao passado. O Senhor não fala no passado, mas no presente, fala hoje connosco, dá-nos luz, indica-nos o caminho da vida, oferece-nos a comunhão e, assim, prepara-nos e abre-nos para a paz" (Bento XVI, Alocução da Audiência geral de quarta-feira, 29 de Março de 2006). 

Na parábola do Bom Samaritano, o conceito de "próximo" torna-se universal em relação à mentalidade dessa época, que considerava como próximo o familiar ou o concidadão. A fraternidade adquire o seu significado mais profundo. Com efeito, é Cristo, "o Primogénito de muitos irmãos" (Rm 8, 29), quem nos faz descobrir em cada pessoa humana, amiga ou inimiga, um irmão ou uma irmã. Dado que veio "não para julgar o mundo, mas para o salvar", Cristo chama todos os homens à unidade. 

Em São Bento temos um luminoso exemplo desta substancial mudança de mentalidade; em sintonia com o Evangelho, na sua época, mesmo no momento em que chegava tristemente ao seu fim a grandeza clássica do Império romano, num contexto socioeconómico onde predominavam a exploração e o arbítrio, opôs o espírito de fraternidade à violência, e o compromisso diligente à acídia, em vista de criar os pressupostos para uma retomada humana integral. 

No que se refere à caridade, não podemos deixar de recordar que Bento XVI dedicou a este tema a sua primeira Encíclica: Deus caritas est. No seu luminoso e excelso magistério, o Papa demonstra a realidade de Deus, que é amor, e da caridade que, vivida e praticada por parte da Igreja, chega a tornar-se uma manifestação do amor trinitário. Na caridade encontra-se "o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho" (Deus caritas est, 1). 

Em conclusão, gostaria de dirigir o meu pensamento a Maria Santíssima, com as palavras conclusivas desta maravilhosa Encíclica do Papa Bento XVI: "Maria, Virgem e Mãe, mostra-nos o que é o amor e donde este tem a sua origem e recebe incessantemente a sua força. A Ela confiamos a Igreja, a sua missão ao serviço do amor: 

Santa Maria, Mãe de Deus,
Tu deste ao mundo
a luz verdadeira,
Jesus, teu Filho Filho de Deus.
Entregaste-te completamente
ao chamamento de Deus
e assim tornaste-te fonte
da bondade que brota dele. 

Mostra-nos Jesus.
Guia-nos para Ele.
Ensina-nos a conhecê-lo e a amá-lo,
para podermos também nós
tornar-nos capazes
do verdadeiro amor
e ser fontes de água viva
no meio de um mundo sequioso"
(Ibid., n. 42).

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II POR OCASIÃO DO XVII CENTENÁRIO DO MARTÍRIO DE SÃO BENTO

Ao venerado Irmão GERVASIO GESTORI
Bispo de San Benedetto del Tronto-Ripatransone-Montalto 

1. Venerado Irmão, a Comunidade diocesana confiada aos seus cuidados pastorais, prepara-se para comemorar solenemente os 1700 anos do martírio do seu Padroeiro, São Bento, do qual a própria cidade tem o nome. Sinto-me feliz, nesta ocasião, por lhe enviar, assim como aos fiéis da Diocese, a minha afectuosa saudação, expressando o profundo prazer por tudo o que desejais realizar para renovar a atenção e a devoção a este Santo mártir. A conservação cuidadosa das suas relíquias contribuiu para manter viva no povo cristão a memória, fortalecendo ao mesmo tempo a fé das gerações que ali se sucederam. Por conseguinte, é justo e obrigatório como nunca elevar um hino de louvor e de agradecimento ao Senhor, o qual, através da intercessão de São Bento, protegeu o caminho secular desta Cidade e dos seus habitantes. 

A história cristã, desde as suas origens, é rica de santos mártires. Trata-se, muitas vezes, de pessoas humildes e simples, que com coragem tiveram que enfrentar uma morte cruel, para não faltar ao seu amor a Cristo. Consiste nisto o valor do martírio, que não é desprezo da existência, mas acto de amor supremo e luminoso para com Jesus, único Salvador da humanidade. 

2. Estou certo de que esta data tão solene será uma ocasião apropriada para que toda a comunidade de San Benedetto tome renovada consciência das próprias raízes cristãs e testemunhe com maior consciência o Evangelho no actual momento histórico. Sei que, ao longo da sua história, ela teve que enfrentar várias dificuldades. As carestias, as pestes, as doenças, as tensões cívicas por vezes ameaçaram até a sua sobrevivência. Mas, em cada um desses momentos difíceis, os fiéis dirigiram-se sempre a São Bento, obtendo a sua poderosa intercessão. 

E agora, numa época radicalmente mudada, esta mesma Comunidade sente a necessidade de redescobrir o indómito fervor apostólico do santo Padroeiro para continuar a caminhar fielmente nas suas pegadas. Isto ajudá-la-á a guardar e a valorizar as próprias tradições religiosas, alimentando a esperança e a confiança no Senhor em todas as circunstâncias, como fizeram sempre os marinheiros e os pescadores, que constituem uma grande parte do tecido social da população de San Benedetto del Tronto. 

3. O testemunho intrépido do santo Padroeiro, o qual num contexto de paganismo difundido soube antepor todo o amor a Cristo, sirva de estímulo para todas as famílias para que compreendam cada vez mais a sua vocação e formem as novas gerações, com frequência distraídas por atracções e solicitações diferentes do Evangelho, para que não percam a estrada-mestra da perfeição cristã.

Os jovens olhem para o santo mártir Bento, haurindo do seu exemplo o estímulo para se entregarem a ideais nobres e exigentes, capazes de dar sentido pleno à sua existência. A juventude não tenha receio de fazer opções comprometedoras, vencendo a tentação do conformismo, o fascínio unicamente das aparências, a sugestão de liberdades prometedoras mas falazes. Ao contrário, lute por aquilo que conta verdadeiramente, e São Bento não fará faltar o seu apoio celeste a quantos corajosamente desejam segui-lo pelo caminho do ideal cristão. 

Venerado Irmão, desejo-lhe de coração, assim como a toda a Comunidade de San Benedetto, a alegria de uma nova primavera espiritual. 

Com estes desejos, envio-lhe de coração, assim como a toda a Comunidade de San Benedetto del Tronto a Bênção Apostólica. 

Castel Gandolfo, 10 de Agosto de 2004.

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II AO ABADE DE SUBIACO

POR OCASIÃO DOS 1500 ANOS DESDE O INÍCIO DA "SCHOLA DOMINICI SERVITII" FUNDADA POR SÃO BENTO

Ao dilecto Irmão D. MAURO MEACCI
Abade de Subiaco

1. É com alegria que tomei conhecimento do facto que a grande Família monástica beneditina deseja recordar com especiais celebrações os 1500 anos desde que São Bento deu início, em Subiaco, àquela «schola dominici servitii» que haveria de conduzir, ao longo dos séculos, uma imensa multidão de homens e de mulheres, «per ducatum Evangelii», a uma união mais íntima com Cristo. Desejo associar-me espiritualmente à acção de graças que a inteira Ordem monástica, nascida da fé e do amor do santo Patriarca, eleva ao Senhor pelas grandes dádivas com que foi enriquecida desde o início da sua história.

Já o meu venerado predecessor, São Gregório Magno, monge beneditino e ilustre biógrafo de São Bento, convidava a compreender num clima de grande fé em Deus e de intenso amor à sua lei, que animava a família de origem do Santo de Núrcia, as premissas de uma vida inteiramente dedicada a «buscar e servir a Cristo, único e verdadeiro Salvador» (Prefácio da Missa de São Bento). Crescendo e desenvolvendo-se no confronto com as vicissitudes da vida, esta tensão espiritual conduziu muito cedo esse jovem a renunciar às seduções da ciência e dos bens do mundo, para se dedicar à obtenção da sabedoria da Cruz e a conformar-se unicamente com Cristo.

De Núrcia a Roma, de Affile a Subiaco, o caminho espiritual de Bento foi guiado pelo único desejo de agradar a Cristo. Este anélito consolidou-se e aumentou nos três anos vividos na gruta do «Sacro Speco», quando «lançou aquelas sólidas bases de perfeição cristã, sobre as quais haveria de construir depois um edifício de extraordinária elevação» (Pio XII, Fulgens radiatur, 21 de Março de 1947).

A prolongada e íntima união com Cristo impeliu-o a congregar em torno de si outros irmãos, para realizar «aqueles grandiosos desígnios e propósitos aos quais fora chamado pela inspiração do Espírito Santo» (Ibidem). Enriquecido pela luz divina, Bento tornou-se luz e guia para os pobres pastores em busca de fé e para as pessoas devotadas, necessitadas de serem acompanhadas no caminho rumo ao Senhor. Após um ulterior período de solidão e de duras provações, há 1500 anos, com apenas vinte anos de idade, fundou em Subiaco, não distante da Gruta o primeiro mosteiro beneditino. Deste modo, o grão de trigo que optara por se esconder na terra de Subiaco e apodrecer na penitência por amor a Cristo, deu início a um novo modelo de vida consagrada, transformando-se em espiga túrgida de frutos.

2. Assim, a pequena e obscura Gruta de Subiaco tornou-se o berço da Ordem beneditina, da qual se desprendeu um luminoso farol de fé e de civilização que, através dos exemplos e obras dos filhos espirituais do santo Patriarca inundou, como recorda a lápide marmórea ali colocada, o Ocidente e o Oriente europeu bem como os outros continentes.

A fama da sua santidade atraiu multidões de jovens em busca de Deus, que o seu génio prático organizou em doze mosteiros. Ali, num clima de simplicidade evangélica, de fé viva e de caridade operosa, formaram-se São Plácido e São Mauro, primeiras gemas esplêndidas da Família monástica de Subiaco, que o próprio Bento educou «para o serviço do Omnipotente».

Para proteger os seus monges das consequências da feroz perseguição, depois de ter aperfeiçoado o ordenamento dos mosteiros existentes com a constituição de superiores idóneos, Bento tomou consigo alguns monges e partiu para Cassino, onde fundou o mosteiro de Montecassino, que logo haveria de tornar-se berço de irradiação do monaquismo do Ocidente e centro de evangelização e de humanismo cristão.

Também nesta vicissitude Bento demonstrou ser homem de fé, sem hesitações: confiando em Deus e esperando como Abraão, contra toda a esperança, acreditou que o Senhor haveria de continuar a abençoar a sua obra, apesar dos obstáculos apresentados pela inveja e a violência dos homens.

3. No centro da experiência monástica de São Bento há um princípio simples, típico do cristão, que o monge assume na sua plena radicalidade: construir a unidade da própria vida em torno da primazia de Deus. Este «tendere in unum», condição primária e fundamental para se entrar na vida monástica, deve constituir o compromisso unificador da existência do indivíduo e da comunidade, traduzindo-se na «conversio morum», que é fidelidade a um estilo de vida vivido de forma concreta na obediência quotidiana. A busca da simplicidade evangélica impõe uma verificação constante, isto é, o esforço de «fazer a verdade», remontando continuamente ao dom inicial da chamada divina, que se encontra na origem da própria experiência religiosa.

Este empenho, que acompanha a vida beneditina, é estimulado de modo particular pelas celebrações dos 1500 anos de fundação do Mosteiro, que terão lugar durante o Grande Jubileu do Ano 2000. O Livro do Levítico prescreve: «Santificareis o quinquagésimo ano, proclamando no país a liberdade de todos os que o habitam. Este ano será para vós jubileu, cada um de vós recobrará a sua propriedade e voltará para a sua família» (25, 10). O convite a retornar à própria herança, à própria família, resulta particularmente actual para a Comunidade monástica beneditina, chamada a viver o Jubileu dos seus quinze séculos de vida e do Ano Santo como momentos propícios de renovada adesão à «herança» do santo Patriarca, aprofundando o seu carisma originário.

4. O exemplo de São Bento e a própria Regra oferecem significativas indicações para acolher plenamente o dom constituído por essas datas. Convidam, antes de tudo, a um testemunho de tenaz fidelidade à Palavra de Deus, meditada e acolhida através da «lectio divina». Isto supõe a salvaguarda do silêncio e uma atitude de humilde adoração diante de Deus. De facto, a Palavra divina revela as suas profundezas àquele que, mediante o silêncio e a mortificação, se torna atento à acção misteriosa do Espírito.

Enquanto estabelece tempos em que a palavra humana deve calar-se, a prescrição do silêncio regular orienta para um estilo caracterizado por uma grande moderação na comunicação verbal. Se for percebido e vivido no seu sentido profundo, este educará lentamente para a interiorização, graças à qual o monge se abre a um conhecimento autêntico de Deus e do homem. De modo particular, o grande silêncio nos mosteiros tem uma singular força simbólica de apelo àquilo que deveras vale: a disponibilidade absoluta de Samuel (cf. 1 Sm 3) e a entrega de si mesmo ao Pai, repleta de amor. Todo o restante não é removido, mas assumido na sua realidade profunda e, na oração, apresentado a Deus.

Esta é a escola da «lectio divina», que a Igreja espera dos monges: nela não se procuram tanto mestres de exegese bíblica, que se podem encontrar também noutros lugares, quanto testemunhas de uma humilde e tenaz fidelidade à Palavra, na pouco vistosa observação das coisas quotidianas. Deste modo, a «vita bonorum» torna-se «viva lectio», compreensível também por quem, desiludido com a inflação das palavras humanas, procura o que é essencial e autêntico na relação com Deus, pronto a captar a mensagem que deriva duma vida em que o gosto da beleza e da ordem se conjuga com a sobriedade.

A familiaridade com a Palavra, que a Regra beneditina garante ao reservar-lhe um amplo espaço no horário quotidiano, não deixa de infundir confiança serena, excluindo falsas seguranças e arraigando na alma o sentido vivo da total soberania de Deus. Assim, o monge é salvaguardado contra interpretações cómodas ou instrumentais da Escritura e introduzido numa consciência sempre mais profunda da debilidade humana, na qual brilha o poder de Deus.

5. Ao lado da escuta da Palavra de Deus está o empenho na oração. O mosteiro beneditino é sobretudo um lugar de oração, no sentido que nele tudo está organizado para tornar os monges atentos e disponíveis à voz do Espírito. Por este motivo, a recitação integral do Ofício divino, que tem o seu centro na Eucaristia e cadencia a jornada monástica, constitui o «opus Dei», no qual «dum cantamus iter facimus ut ad nostrum cor veniat et sui nos amoris gratia accendat».

O monge beneditino inspira o seu colóquio com Deus na Palavra da Sagrada Escritura, ajudado nisto pela austera beleza da liturgia romana, na qual essa Palavra proclamada com solenidade ou cantada com monodias, que são fruto da inteligência espiritual das riquezas nela contidas, desempenha um papel absolutamente preeminente em relação a outras liturgias, onde o elemento que mais impressiona são as esplêndidas composições poéticas, florescidas no tronco do texto bíblico.

Esta oração bíblica requer uma ascese de despojamento de si mesmo, que consente sintonizar-se com os sentimentos que o Outro deposita nos lábios e faz surgir no coração (ut mens nostra concordet voci nostrae). Afirma-se assim, na vida, a primazia da Palavra, que domina não porque se impõe com a força mas porque, fascinando, atrai de maneira discreta e com fidelidade. Uma vez que é aceite, a Palavra perscruta e discerne, impõe opções claras e introduz assim, mediante a obediência, na historia Salutis compediada na Páscoa de Cristo obediente ao Pai (cf. Hb 5, 7-10).

É esta oração, memoria Dei, que torna possível de maneira concreta a unidade da vida, apesar das múltiplas actividades: estas, como ensina Cassiano, não são mortificadas mas continuamente reconduzidas ao seu centro. É mediante o ritmo da oração litúrgica ao longo da jornada, através da oração pessoal livre e silenciosa dos irmãos, que no mosteiro se vem a criar um clima de recolhimento, graças ao qual os próprios momentos celebrativos encontram a sua verdade plena. Desse modo o mosteiro torna-se «escola de oração», isto é, lugar onde uma comunidade, vivendo intensamente o encontro com Deus na liturgia e nos diversos momentos da jornada, introduz nas maravilhas da vida trinitária todos os que procuram o rosto de Deus vivo.

6. Cadenciando na liturgia as horas da jornada e tornando-se oração pessoal e silenciosa dos irmãos, a oração constitui a expressão e a fonte primordial da unidade da comunidade monástica, que tem o seu fundamento na unidade da fé. De cada monge é exigido um autêntico olhar de fé sobre si mesmo e sobre a comunidade: graças a este, cada um acompanha os seus irmãos e se sente por eles acompanhado – não só por aqueles com quem vive, mas também pelos que o precederam e deram à comunidade a sua fisionomia inconfundível, com as suas riquezas e os seus limites – e, juntamente com eles, por Cristo, que é o fundamento. Se faltar esta concórdia essencial e se se insinuar a indiferença ou até mesmo a rivalidade, cada irmão começa a sentir-se «um entre tantos», com o perigo de se iludir de encontrar a sua realização em iniciativas particulares, que o impelem a procurar refúgio nos contactos com o exterior, em vez de os buscar na plena participação na vida e no apostolado comuns.

Hoje é mais urgente do que nunca cultivar a vida fraterna no interior de comunidades em que se pratica um estilo de amizade que não é menos verdadeiro, porque mantém a distância que salvaguarda a liberdade do outro. É este testemunho que a Igreja espera de todos os religiosos, mas em primeiro lugar dos monges.

7. De coração faço votos por que as celebrações dos 1500 anos desde o início da vida monástica em Subiaco constituam para essa comunidade e para a inteira Ordem beneditina uma renovada ocasião de fidelidade ao carisma do santo Patriarca, de fervor na vida comunitária, na escuta da Palavra de Deus e na oração, assim como de compromisso no anúncio do Evangelho, em conformidade com a tradição própria da Congregação de Subiaco.

Possa cada comunidade beneditina propor-se com uma sua identidade bem definida, como que «cidade colocada sobre o monte», distinta do mundo que a circunda, e contudo aberta e hospitaleira para com os pobres, os peregrinos e quantos se encontram em busca de uma vida de maior fidelidade ao Evangelho!

Com estes votos, que confio à intercessão da Santíssima Virgem, tão devotamente venerada e invocada nesse mosteiro e em todas as comunidades beneditinas, concedo de coração a Vossa Ex.cia e aos monges de Subiaco uma especial Bênção Apostólica.

Vaticano, 7 de Julho de 1999.

PAPA JOÃO PAULO II

VISITA PASTORAL DO SANTO PADRE A SUBIACO (ITÁLIA)

SANTA MISSA EM HOMENAGEM A SÃO BENTO NO XV CENTENÁRIO DE NASCIMENTO

HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II

Praça da Resistência
Subiaco, 28 de Setembro de 1980

Caríssimos fiéis de Subiaco

1. Sinto-me feliz, no final da peregrinação com os Bispos Europeus à Sagrada Gruta, de poder encontrar-me convosco e testemunhar-vos o afecto profundo que nutro por esta vossa comunidade cujo nome, graças a São Bento, é conhecido no mundo inteiro. Com o Rev.mo Padre Abade, saúdo todos vós, e com especial intensidade de sentimentos, as pessoas anciãs e as que sofrem. A minha cordial saudação dirige-se também às crianças e aos jovens, que alegram com a sua presença festiva esta nossa assembleia litúrgica.

Reunimo-nos à volta do altar de Deus para celebrar o memorial da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Ouvimos a Leitura dos trechos bíblicos, que a Liturgia de hoje nos oferece e agora somos convidados a meditar as admoestações neles contidas: são palavras de censura e são palavras de promessa.

Neste lugar e neste momento, não podemos deixar de pensar que sobre estas páginas São Bento também fixou a própria reflexão durante a sua vida terrena. Com que eco profundo deveriam ter ressoado na sua alma as ameaças contra os ricos e contra as aberrações que acompanham habitualmente a posse de bens materiais excessivos!

E que íntima vibração de consenso e de adesão não teria suscitado nele a palavra de Paulo a Timóteo, que também nós acabamos de ouvir: "Mas tu, ó homem de Deus, foge de todas estas coisas, e segue a justiça, a paciência e a mansidão. Combate o bom combate da fé e conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e da qual fizeste solene profissão diante de muitas testemunhas" (1 Tim 6, 11-12).

2. Bento foi homem de Deus, e tomou-se tal, seguindo o caminho das virtudes tão claramente indicado pelos apóstolos. Seguindo-o constante e incessantemente. Ele foi um verdadeiro peregrino do Reino de Deus, um verdadeiro homo viator. Não parou ao longo da estrada e nem se desviou para caminhos mais fáceis. Todo o seu empenho foi orientado para seguir o comprometimento: combater o bom combate da fé para "guardar sem mácula e sem repreensão este mandamento, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Tim 6, 14).

Nesta luta ele empregou todo o tempo que o Eterno Pai quis conceder-lhe nesta terra. Foi uma dura batalha que ele travou consigo mesmo, destruindo o "homem velho" e dando sempre mais lugar ao "homem novo", que cresce pela "aparição de nosso Senhor Jesus Cristo". E o Senhor, mediante o Espírito Santo, fez que esta transformação não permanecesse somente nele; na sua admirável providência dispôs que a experiência de Bento se tornasse uma fonte de irradiação, a penetrar a história dos homens, e sobretudo a história da Europa.

Subiaco foi e continua a ser uma etapa importante deste processo: o lugar do nascimento de São Bento de Núrsia e ao mesmo tempo o lugar da sua manifestação.

3. Bento foi homem de Deus, por que se esforçou por tornar a sua vida totalmente transparente ao Evangelho. De facto, não se contentou de ler o Evangelho com o fim de conhecê-lo: quer conhecê-lo para traduzi-lo, todo inteiro, em cada um dos aspectos da sua vida. Leu o Evangelho no seu conjunto e, ao mesmo tempo, cada trecho, cada perícope que a Igreja relê na sua liturgia, cada fragmento. De facto, em cada fragmento do Evangelho está contido, num certo sentido, o conjunto; o todo vive em cada fragmento, assim como cada fragmento vive do conjunto.

É nesta luz que devemos pensar neste trecho que hoje voltamos a ler aqui, isto é, a parábola do rico epulão e do pobre Lázaro: "Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo...".

O homem de Deus, Bento, vibrava em sintonia com o relato, enquanto lia com toda a profundidade da sua alma estas palavras eternas, num certo sentido absorvendo toda a simplicidade da verdade encerrada neste trecho. E a verdade é a que emerge, fulgurante, do exemplo de Cristo que — como realça São Paulo — "de rico que era, fez-se pobre por vós, para que vos tornásseis ricos por meio da sua pobreza" (2 Cor 8, 9).

4. A verdade portanto está numa profunda "inversão de tendência": ao desejo ardente de possuir sempre mais é necessário substituir o esforço do desprendimento dos bens da terra; à lógica da competição para apoderar-se de uma riqueza sempre maior, é preciso contrapor o esforço de levar a um justo bem-estar o maior número possível de homens; à mentalidade, que considera os bens materiais como, objecto de apresamento, é necessário fazer substituir a mentalidade que os considera como meios de amizade e de comunhão.

A riqueza, infelizmente, é de regra ocasião de divisão e incentivo à luta: ela deve tornar-se, pelo contrário, instrumento de comum participação na alegria de uma vida digna de seres humanos: riqueza, por conseguinte, como fonte de elevação para todos, na possibilidade de ter acesso aos valores da cultura, do conhecimento recíproco, da mesma experiência religiosa, favorecida por maior disponibilidade de tempo e pela interior libertação dos anseios de um futuro incerto.

São valores que podem ser entendidos somente pelo "homem novo" que, renascendo em Cristo, redescobre o verdadeiro significado das coisas.

É necessária a conversão do coração para poder olhar para as realidades do mundo com os olhos de Cristo, que, com a palavra e o exemplo, nos revelou que a verdadeira riqueza está no desprendimento, a verdadeira força no que se considera fraqueza, e a verdadeira liberdade em colocar-se voluntariamente ao serviço dos irmãos.

Bento, homem de Deus, assimilou esta "verdade" até nos seus recantos mais escondidos. Disto é prova a Regra, que se inspira nela em cada uma das suas partes: o monge é um homem que renuncia competir com os outros para os superar e dominar, mas esforça-se, ao contrário, em competir consigo mesmo no domínio das próprias ambições para se colocar ao serviço dos outros no amor.

Pois bem: o critério principal, que orientou São Bento na redacção das normas de convivência dentro do mosteiro, foi precisamente o da caridade recíproca, pela qual os "irmãos" deviam ser levados a uma atitude de constante atenção recíproca e de cuidadosa disponibilidade ao presta-rem um ao outro os serviços necessários.

Há um capítulo da Regra, o septuagésimo segundo, que traça um quadro sugestivo do relacionamento que devia instaurar-se dentro da família monástica. É uma página para a qual não só cada família cristã deveria olhar como para um estimulante ideal, mas pela qual pode reformar-se com proveito também a comunidade civil para dela haurir inspiração no ajustar os próprios relacionamentos de convivência.

Ao ilustrar, pois, "o fervor que deve animar com ardentíssimo espírito de caridade os monges", Bento estabelece: "antecipem-se um ao outro no reverenciar-se; suportem reciprocamente com grande paciência as suas enfermidades físicas e morais; esforcem-se pela obediência recíproca; nenhum procure o próprio proveito mas antes o do outro; nutram um para com o outro um casto amor fraterno; temam a Deus amando-O; ... não anteponham absolutamente nada a Cristo, que nos conduza todos à vida eterna" (VII, 3-9.11-12).

São indicações sem dúvida muito elevadas, cuja prática pode parecer reservada a poucos espíritos privilegiados. Não se deve esquecer, contudo, que semelhante ideal Bento ousou propor a homens provenientes de uma sociedade em decadência, em que predominavam o arbítrio, a violência e a exploração. E foi sobre a base destas normas que, do decrépito mundo de uma romanidade, reduzida já a uma larva inconsistente, puderam surgir em várias partes da Itália e da Europa os vigorosos núcleos sociais dos mosteiros, em que homens diferentes pela idade, raça e cultura se encontraram irmanados na obra ciclópica da construção de uma nova civilização.

6. Nestes valores também a nossa sociedade, interiormente corroída por perigosos germes de desagregação e de desfazimento, pode encontrar decisivos factores de coesão e recuperação. Bento oferece-nos a prova incontestável de como se pode fazer penetrar o Evangelho na história concreta dos homens, levando-lhe um dinamismo transformador, capaz de incalculáveis e benéficos desenvolvimentos. A experiência beneditina, vigorosa já pela aprovação de quase quinze séculos de história, está sob os nossos olhos para demonstrar-nos como o amor, que se abre aos irmãos para compartilhar com eles qualidades pessoais, energias e bens, se revela a verdadeira "mola" do progresso, a única capaz de fazer avançar a sociedade, sem nunca sacrificar o homem.

Oxalá Deus conceda que os homens de hoje acolham esta lição fecunda e se encaminhem com decisão, seguindo os exemplos de São Bento, pelas estradas do respeito recíproco, da abertura leal, da partilha generosa, do empenho concorde, numa palavra, pelos caminhos do amor. O futuro é construído não por quem odeia, mas por aquele que ama.

Reafirmamos isto nesta celebração litúrgica, na qual Cristo nos reúne à volta da sua mesa, para nos distribuir aquele Pão que de todos nós faz uma só coisa com Ele e n'Ele. A participação do Corpo e do Sangue do Senhor compromete os cristãos é bom recordar isto de vez em quando a serem no mundo as testemunhas do amor d'Aquele que, ao deixar-se pregar na cruz, "perdeu a própria vida" (Mt 10, 39) para consentir que o homem se reencontrasse consigo mesmo.

Visita Pastoral do Papa a Subiaco


Senhor Presidente da Câmara Municipal,

As nobres expressões com que Vossa Excelência, interpretando também os sentimentos dos membros da Administração Municipal e de toda a população de Subiaco, quis tão gentilmente dar-me as boas-vindas, são para mim motivo de sincero aprazimento pelo alto sentido de hospitalidade, que tanto distingue esta terra, bem conhecida não só pela sua secular adesão à Sé Apostólica, como Vossa Excelência bem recordou, mas também pelas queridas recordações, deixadas pela presença de São Bento Abade. Agradeço-lhe, portanto, e a todas as Autoridades Religiosas, Civis e Militares, que aqui se encontram associando-se à deferente homenagem.

Neste ano dedicado à memória de São Bento e de Santa Escolástica, sua irmã, depois de ter visitado Núrsia, cidade natal dos dois Santos, e Monte Cassino, considerado a Casa mãe da Ordem beneditina, não podia deixar de vir em piedosa peregrinação aqui a Subiaco, onde São Bento passou grande parte da sua existência terrena e esperou conseguir aquela perfeição evangélica, isto é, aquela "escola do Serviço do Senhor", que em seguida devia dilatar-se e afluir às comunidades dos primeiros treze mosteiros, por ele fundados nos montes circunstantes e ao longo do Vale do Aniene.

Subiaco, com o Santuário da Sagrada Gruta, com o seu verde, com a sua paz e com as suas águas límpidas, permanece sempre um lugar privilegiado, que nada perdeu daqueles antigos atrativos, que molduraram a figura solitária e também social do grande Fundador do Monaquismo do Ocidente. Aqui ele reformou-se a si mesmo para depois reformar a sociedade, aqui o seu espírito planeou aquela grande revolução, que teria encontrado depois definitiva expressão na Regra, escrita em Monte Cassino, mas já aqui concebida e reflectida no profundo do seu coração e na solidão destes lugares tornados já sagrados à devoção do povo cristão.

Pode-se num certo sentido falar portanto de Subiaco, como do berço do espírito beneditino, que depois teria atingido e fermentado povos inteiros até fazê-los sentirem-se unidos numa só cultura e numa só fé. Ele de facto foi um Homem que soube harmonizar alma e corpo, natureza e graça, o social e o espiritual, o antigo e o novo, para criar, talvez sem o prever, uma nova civilização: a civilização cristã. Com efeito, como já tive ocasião de dizer em Núrsia: "Numa época de mudanças profundas, quando a antiga estrutura romana começava a derruir e estava para nascer uma sociedade nova sob o impulso de novos povos que apareciam no horizonte da Europa, ele assumiu responsavelmente a própria parte, que foi proeminente, de compromisso não só religioso, mas também social e civil. Promoveu o cultivo racional das terras, contribuiu para a salvaguarda do antigo património cultural literário, influiu na transformação dos costumes dos chamados "bárbaros"... E isto não ao nível de um mesquinho e então desconhecido nacionalismo, mas, através dos seus Monges, em dimensões continentais, pelo que, e justamente, o meu Predecessor Paulo VI o proclamou "Padroeiro da Europa".

É precisamente para venerar tão grande Padroeiro, que hoje os Representantes das Conferências Episcopais da Europa vieram em peregrinação a Subiaco. Eles, ao celebrarem juntamente com o Papa o centenário beneditino, querem agradecer ao Senhor tudo quanto foi concedido à Europa por meio de São Bento e repropor os seus ensinamentos a fim de que se readquira a dimensão do divino em toda a realidade terrena.

Com estes sentimentos, ao formular votos pela prosperidade e pelo bem-estar desta Cidade, reconstruída com generoso esforço após as devastações da guerra, imploro sobre todos os seus habitantes o Patrocínio de São Bento, e a todos abençoo no nome do Senhor.

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II AO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SUBIACO